Sebinca Christo, grega, cigana nômade, quiromante, mãe de nove filhos, apreciadora de embutidos e vinho, fumante de cachimbo e respeitada como matriarca de um grupo importante de ciganos Rom no sul do Brasil. Viveu como vivem as ciganas que caminham de cidade em cidade lendo a sorte e fazendo pequenos negócios. Passou por Lages, cidade do planalto de Santa Catarina e lá morreu. Foi em Lages que Sebinca foi sublimada pelos devotos e passou a operar graças e milagres, transformando-se numa das mais poderosas milagreiras de cemitério do Brasil. Seu túmulo passou a ser visitado por gadjés e ciganos que pedem por curas de males físicos e até mesmo para que ela resolva problemas cotidianos, financeiros, amorosos e vícios. Sua sepultura é a prova do hibridismo religioso presente na religiosidade brasileira e suas ressignificações que se desdobram a cada pedido escrito no túmulo com batom vermelho e a cada cigarro aceso pelos devotos. Sebinca é a personificação de todas as ciganas e suas habilidades. Sebinca é mais do que ela mesma. Os devotos forjaram uma morte trágica para justificar e potencializar seus poderes como milagreira. Sebinca Christo é a prova inequívoca do poder exercido pelos devotos no catolicismo não-oficial brasileiro.