Minerar o Branco (selo Arte Paubrasil) é um livro que são dois.Em Preto Nu Branco, o poeta reflete sobre seu ofício e seus instrumentos de trabalho: a palavra (o preto) inscrita no branco da página. É também um livro que se forma por metapoemas, poemas voltados para um pensar sobre a oficina do próprio poema, poemas sobre o ato de fazer. E, claro, também por poemas que se fazem pelo próprio acontecer, assomados pelo tempo presente – por tramas, tecidos, tessituras do cotidiano.Poemas do fazer, pois. Que surgem da própria palavra grega poietes a designar o poeta, “aquele que faz”. Dividido em quatro seções (Preto/Branco/Nu/Nu Branco Preto), o livro não se limita, entretanto, a poemas-sobre-poesia. Apenas uma de suas seções (Preto) é formada por metapoemas, que refletem (e se refletem) sobre as próprias palavras a vazar tipograficamente o branco, incrustadas na página. A segunda seção (Branco) é dedicada ainda e sempre a poemas socialmente engajados, participantes: tudo ainda é tal e qual. Na terceira (Nu), o poeta (re)vê a si mesmo e sua postura perante o “outro” & as outras. Na última seção (Nu Branco Preto), encontram-se alguns poemas-ao-vai-da-valsa e dos anos – coisas do amor que move coisas, essas coisas também do amor, que vão e vêm. Pontos pretos que se des/nu/dam no branco da página.Em Tempos de Mineração, ao lado de poemas recentes, o poeta se volta às suas origens e revê até mesmo poemas dos primeiros tempos, abandonados em outros projetos temáticos desenvolvidos ao longo de seu ofício – e que deram forma & fundo a seus livros já editados. Um mergulho em tempo de mineração, de minerar os veios antigos, associar novos poemas a poemas “esquecidos” em “minas de memória” e rememorados agora, minerados/mineirados. “Minerar em Minas/ palavras-minério/ mineirar em mim/ palavras-mistério” – diz antigo “poelema” do poeta, retomado e aqui (re)minerado nesses tempos de permanente mineração.Minerar o Branco se tornou possível graças ao apoio da Editora Arte Paubrasil, Energisa, Fundação Cultural Ormeo Junqueira Botelho e Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Governo do Estado de Minas Gerais.