No 50º aniversário do exílio que se seguiu à invasão chinesa do Tibete, e que é também o 70º aniversário de sua entronização, o Dalai-Lama divulga sua Autobiografia Espiritual, marcada pelo realismo das questões da atualidade.
Tenzin Gyatso, o décimo quarto Dalai-Lama, nasceu numa família de camponeses, no pequeno vilarejo de Takster, situado no nordeste do Tibete, e foi considerado a manifestação terrestre de Avalokiteshvara, o bodhisattva da Compaixão, aos dois anos de idade. Líder espiritual e porta-voz de milhões de tibetanos, tornou-se um ícone global da paz, da compaixão, da vivência espiritual e da luta pacífica pela justiça.
Vive no exílio desde 1959, após uma fracassada rebelião nacionalista contra o governo chinês, dez anos depois que a China comunista de Mao Tse-tung invadiu o Tibete em nome de uma pretensa libertação de seu povo de um regime teocrático e feudalista. Desde então, o Dalai-Lama reivindica a autonomia do Tibete e a sua transformação em zona de paz — um santuário onde a humanidade e a natureza possam conviver em harmonia.
A imagem do Dalai-Lama está associada à felicidade; ele próprio considera-se um “risonho profissional”. Seu estado de espírito deve-se à prática e à filosofia budistas, que lhe ensinaram a ter uma visão holística dos problemas, que permite ao ser humano encarar cada experiência como um aprendizado e preservar a paz interior.
Memórias, histórias, anedotas e ideias estão reunidas nesta autobiografia espiritual, em que o Dalai-Lama apresenta a sua visão acerca dos assuntos da atualidade — ciência e ética, diálogo entre religiões, sistemas de governo —, assim como o seu pensamento a respeito do próximo líder do povo tibetano, após os esforços iniciados no exílio em direção à democracia. Baseando-se no princípio budista de interdependência, ele conclama a vida a se expressar através do amor, da compaixão e da tolerância, no nível individual, e da responsabilidade universal, no plano coletivo. Acredita que o ser humano prefere sempre o caminho da paz.