Todos nós passamos pelo ciclo do nascimento, vida e morte. As transformações que vivenciamos, no decorrer de nossa existência, são necessárias e envolvem mudanças que, se por um lado são vividas como situações de crise, por outro, promovem a adaptação às novas situações. A esse processo de mudança e crescimento incluímos a passagem da infância para a adolescência, a entrada na escola e na universidade, o ingresso na maturidade, a terceira idade etc. Essas mudanças, de certa forma, são esperadas e fazem parte de nossas expectativas sobre como o mundo deve ser, favorecendo a sensação de que vivemos em mundo seguro, em que podemos planejar nosso futuro e nada de ruim vai nos acontecer. Entretanto nem sempre as coisas acontecem como planejamos. A presença de uma doença grave, quando surge de forma dramática e inesperada, afeta profundamente a nossa vida. Falo isso porque em um curto espaço de tempo fui arremessado em um turbilhão de fatos, que começou com o início de uma cefaleia intensa acompanhada por alterações da fala e perda da consciência, e a necessidade de ser levado com urgência a um pronto socorro, o som da sirene da ambulância, o temor pela vida etc. Nessa situação traumática, luta-se contra o tempo enquanto se procura entender o que está acontecendo. De repente, o mundo muda drasticamente, como se aquilo não estivesse acontecendo, produzindo uma sensação de irrealidade.