Opto por escrever um pequeno livro, que prima pela simplicidade, não pelo simplismo; pelo simples, não pelo simplório. Uma espécie de depoimento, que oferece explicações sobre o Processo de Criação do Ator, segundo o genial diretor Antunes Filho (in memoriam). São manifestações sinceras, legitimamente testemunhais, sobre situações por mim vividas ao longo de anos, em contato com este exótico criador. Muitos sorrisos, muitas alegrias; tantas lágrimas derramadas, tantas tristezas somadas, tantos aprendizados acolhidos, uma proporção vasta de conhecimentos apreendidos. Diligência tão bonita quanto dolorosa para quem a incorpora visceralmente como eu fiz, não obstante, sensivelmente extraordinária. Apesar de meu enfoque maior ser a relação na poética da ribalta com o encenador, é sabido que, com ele ou sem ele, no espaço de construção estética, não há lugar para uma felicidade idílica. Morremos um pouco em cada obra a nascer ou prestes a ser nascida, mesmo sabendo ser uma natureza diferente de sofrimento e luto. O túmulo está localizado no espaço da criação. Como assim? Entre a beleza do criar e o caminho para ele, há um hiato infinito de tristezas, lágrimas e, porque não dizer, algumas alegrias reconfortantes quando vislumbramos o caminho.