MINOS

Algumas vezes, os planos são simples. Desta vez, Bobby precisava de poucas coisas: uma corda, um poço, fita adesiva e um cachorro.
Um palco apropriado. Técnica. Autores. É assim que ele monta a coisa na sua mente, antes que tudo comece. Vê tudo claramente antes de dar o primeiro passo. Tem que começar com o personagem, porque o personagem é a razão de tudo. Existem muitos personagens aqui. Muitos, dá para escolher à vontade. Isto é um alívio; houve momentos em que ele se perguntou se as pessoas certas apareceriam ao longo do caminho. Elas sempre aparecem. Porque em todo lugar existem pessoas que deixam uma esteira de pecados.
A vida não dera nada de graça para Romília Chacón. Detetive da Universidade de Homicídios de Nashville e tendo sangue salvadorenho, ela é uma policial bilíngüe que atrai assassinatos. Está na família dela: sua mãe fugiu dos esquadrões da morte em El Salvador, onde nascera, e Catalina, sua sensual irmã mais velha, fora assassinada quando Romilda estava na faculdade. Agora, seis anos depois, o assassino voltou no papel de Minos, o mítico demônio do Inferno de Dante que decide em que círculo do inferno deve cair a alma dos danados. Adúlteros vão para o terceiro círculo. Traidores para o nono. Entre eles, uma enorme quantidade de almas perdidas.
O FBI o alcunhou de Murmurador, em função das mensagens codificadas que ele deixa perto do corpo das suas vítimas. Ele tem um propósito, mas ninguém consegue entender sua necessidade de matar tão ritualisticamente deixando uma trilha de cadáveres de Atlanta até Los Angeles.
Ao seguir a psita do Murmurador, Romilia não percebe que seu caminho é uma espiral que se fecha cada vez mais ao seu redor. Quando mais descobre, mais fica obcecada. Mas Minos não é o único problema que ela tem.