A presente obra foi composta no inverno de 1846-1847, época em que Marx conseguira elucidar os princípios da sua nova concepção histórica e econômica. O Système dês contradictions économiques ou Philosophie de Ia misère, de Proudhon, que acabava de aparecer, deu-lhe o ensejo para desenvolver seus princípios, opondo-os às ideias do homem que, desde então, devia ocupar um lugar importante entre os socialistas franceses da época. Desde o momento em que ambos, em Paris, haviam discutido longamente questões econônimas, muitas vezes durante noites inteiras, os rumos por eles seguidos foram se separando cada vez mais. O livro de Proudhon mostrava que já havia um abismo inseparável. Manter silêncio não era mais possível; e Marx evidenciou esta ruptura irreparável na resposta que lhe deu. O julgamento de conjunto de Marx sobre Proudhon encontra-se expresso no artigo reproduzido em apêndice. A Miséria da Filosofia, escrita em francês, apareceu em 1847 em Paris, editada por A. Franck, e em Bruxelas, editada por C. G. Volgler; foi traduzida para o alemão por Ed. Bernstein e Karl Kautsky e publicada em 1885 pela livraria do Partido Social Democrata da Alemanha, com um prefácio de Engels. Depois de 1847 apareceu, em francês, uma nova edição da Miséria da Filosofia em 1898 e outra em 1908. A presente edição é, pois, a terceira, sem contar a edição original, que não continha senão o texto da Miséria. O exemplar de Marx que, assim como os outros livros que lhe pertenciam, foi dado por suas duas filhas, Laura Lafargue e Eleanor Aveling, ao partido socialista alemão, para formar, com os livros de Engels, a base de uma biblioteca do Partido, apresenta algumas correções do autor e todas foram reproduzidas nesta edição (Nota da 3a. edição francesa).