Os Jesuítas, uma ordem fundada por Inácio de Loyola e instituída em Portugal em 1540 por Francisco Xavier e Simão Rodrigues, constitui uma das congregações simultaneamente mais fascinantes e mais controversas da história portuguesa e europeia. A Companhia de Jesus exerceu, de facto, uma influência modeladora na Igreja, na sociedade, na política e na cultura portuguesas desde a sua fundação. As diferentes leituras do papel desta ordem na história de Portugal continuam a dividir os historiadores quanto ao valor real da sua acção. Tal se deve, em grande medida, aos estereótipos que ainda persistem, resultantes das intensas propagandas antijesuíticas e filojesuíticas que produziram, por um lado, um mito negro e, por outro, um mito luminoso em torno desta Ordem religiosa. Portugal foi o primeiro país a acolher a Ordem de Santo Inácio, logo no primeiro ano da sua aprovação pelo Papa Paulo III, e a dar-lhe, ao mais alto nível, um apoio que se revelou decisivo para a sua afirmação na Europa e nos espaços ultramarinos abertos à missionação. Mas Portugal foi também o primeiro reino a expulsar impiedosamente os Jesuítas, na época das Luzes, pela mão do Marquês de Pombal; medida extrema que veio a ser reeditada duas vezes: em 1834, no quadro da restauração do Liberalismo, e em 1910, pela I República. No entanto, a Companhia de Jesus conseguiu regressar sempre e reerguer-se com notável rapidez e eficácia sobre as ruínas das suas extinções, deixando uma marca indelével em importantes domínios da vida do nosso país. Esta obra fascinante de José Eduardo Franco resulta de uma intensa investigação de sete anos sobre a natureza e a acção da Companhia de Jesus e em torno da propaganda de ataque e de defesa dos Jesuítas ao longo de quase cinco séculos de história.