MORTE COMO COMPANHIA, A

Desde eventos em meio a uma batalha na guerra da Tríplice Aliança, passando pela busca dos criminosos que fugiram de uma cadeia pública, ou pela surpresa de um brasileiro engajado nas forças sandinistas diante de um somozista que se rende, ou mesmo, o intimismo de um golem - mítico ser - encontrado perdido em uma velha mansão no interior do Brasil.
Tudo motiva um conto, ou o contar de uma história, seja ela baseada em fatos ou fruto da mais pura fantasia. Seriam histórias perdidas na imaginação ou como a água que escorre para um rio e este, para o oceano. Se isso pudesse ser associado à realidade desse livro, os contos de Rondon de Castro são vidros da água que poderia escorrer por entre os dedos. Não foi o caso.
As histórias, em ritmo às vezes frenético de uma perseguição policial, ou pesado (pesadíssimo), lento como são os minutos que se transformam em horas durante uma sessão de tortura, retratam as gotas da memória que foram retidas em laudas, guardadas a sete chaves apenas para serem de tempos em tempos lidas e lidas pelo autor. Melhoradas? Nem sempre, já que as histórias adquirem vida própria e ganham o respeito do seu criador.
São laudas que se transformaram em irmãs ao se encontrarem juntas nesse volume. Há de se dizer qual delas é a mais dura. Pessoas fossem, encontrariam nos olhares que se cruzariam desde a tristeza dos que se foram até a certeza das idéias que procuram em um ser de barro a possibilidade de encontros ou de vida após a morte.
É em companhia da morte que, como parte inexorável da vida, as palavras preencheram essas páginas. Não é triste porque sempre há o que se fazer de belo, justo e verdadeiro antes do último suspiro. Ainda que seja um livro.