Todos sofremos, mas somos educados a esconder nosso sofrimento. Colocamos as mãos no rosto, escondemos as lágrimas, choramos a portas fechadas. Somos ensinados que nosso sofrimento é algo íntimo e, assim, privamos os outros de entenderem nossa dor. Privamos outras pessoas de serem ajudadas com nosso sofrimento. De não se sentirem sozinhas. A dor nos põe em contato com novas partes do que somos. Nos revela para nós mesmos. Admiro a grandeza de quem tem coragem de expor para que outras pessoas possam se sentir acolhidas, acompanhadas. Quando falamos do nosso sofrimento damos a chance para que outros entendam como se desenrolam os processos do solitário desespero humano. Leio o relato de Claudia e me emociono como se estivesse ao lado dela. A acompanhamos nas reflexões mais intensas e íntimas. Por mais que estivesse rodeada de anjos e acompanhada pela fé, Claudia escreve seu diário sozinha: tem medos, angústias e extraordinárias vitórias tão particulares e, ao mesmo tempo, tão universais. O leitor se emociona, torce e comemora com ela. "Por que eu?", nos perguntamos quando o chão se abre embaixo de nós. "E se eu não aguentar?", perguntamos para a vida. O sofrimento serve para nos lembrar do que realmente importa na vida. E, superado, serve para ajudar outros a superarem de maneira mais tranquila. Não menos dolorosa, talvez, mas, pelo menos, acompanhada. Existe um coração aberto neste livro, que convida o leitor a entrar e diz: "Você nunca vai estar sozinho. Você tem ainda muito para viver. Vem comigo. Te explico no caminho". Marcos Piangers