Mulher assimétrica é um relato autobiográfico construído com recursos da ficção e da memória. Maria Luiza Corrêa narra desde a infância, passada em Araxá, e a juventude no Rio de Janeiro, até o momento atual, em que, depois de 20 anos como professora da FAU-USP, projetou e construiu uma casa para si própria e se lançou como poeta. A marca mais distintiva da protagonista, que no relato se chama Cláudia, é a assimetria: uma perna mais curta que a outra, dois úteros, duas campainhas e três rins. Essas assimetrias também se refletem no comportamento da personagem, que conta suas incursões amorosas, as hesitações profissionais e o equilíbrio instável, mas sempre inspirado, entre arte e palavra, imaginação e rigor construtivo. A narrativa é dividida em dezessete capítulos que levam os nomes da cidade e dos lugares onde a autora viveu: São Paulo, Araxá, Belém, Rio de Janeiro, Guaratinguetá, Pirassununga e Belo Horizonte. O livro culmina em Portugal, em uma viagem que a autora fez em companhia da irmã, com um estilo que se aproxima do lírico, fechando essas memórias que continuam em aberto, na carreira da autora como poeta e prosadora. Neste livro, tudo é narrado em detalhe, em capítulos curtos e acelerados, num estilo lacunar e digressivo. A ironia da autora intriga, insinua e disfarça, estimulando a imaginação do leitor. Ou como diz Joca Reiners Terron na orelha do livro, o “humor absurdista” da narradora está a serviço de “uma forma moderna e ágil, de uma linguagem exata e multifacetada”.