A musealização da arte abarca ações que suscitam escalas de análise sobre temporalidades e espaços, considerando a produção artística e os processos institucionais que mobilizam a preservação, a pesquisa e a comunicação de obras e de narrativas, apontando perspectivas sobre as trajetórias inscritas nas instituições. Logo, a partir das obras e, consequentemente, das coleções e dos acervos dos quais fazem parte, é possível elucidar e analisar questões sobre a produção poética, as trajetórias dos artistas e das instituições, bem como sobre as escolhas e os processos que apontam caminhos para a sua salvaguarda. Esses gestos culminam no que acreditamos ser o cerne da musealização. Desse modo, o livro Musealização da Arte reúne textos de pesquisadoras de diversas áreas do conhecimento, buscando discutir os modos de compreender o ato de musealizar, ancorando-o à institucionalização de obras de arte em acervos e coleções públicas e privadas, às narrativas dos agentes, aos discursos de visibilidade, às adaptações e às especulações sobre poéticas, obras e práticas institucionais. Nesse sentido, espera-se que, a partir das discussões suscitadas nos capítulos, pesquisadoras, artistas e profissionais de museus possam entrar em contato com as fissuras, os (des)acordos, as autorias múltiplas, as categorias de análise sobre as obras e as (in)disciplinas dos gestos múltiplos da musealização. Assim, o livro propõe o ato de musealizar a partir das contingências das obras — e dos discursos e das narrativas a elas vinculadas — como gestos de intenções e expectativas, destoando de perspectivas homogêneas sobre a musealização. Sem almejar uma síntese ou buscar convergir particularidades em torno de generalidades, as produções que formam este livro propõem negociar disjunções e conexões de diferentes áreas, (in)disciplinas e práticas dedicadas à musealização, e ocupam um campo interacional e múltiplo diante daquilo que compreendemos e vivemos como Arte.