Inaugurado em 1940, o Estádio do Pacaembu, primeiro estádio de São Paulo, é um edifício de grande importância arquitetônica para a cidade. Parte do projeto urbanístico desenhado nos anos 20 pelo urbanista inglês Barry Parker para o bairro do Pacaembu, inspirado nas cidades-jardim, o estádio guarda uma relação harmônica com a topografia da região: suas arquibancadas acomodam-se perfeitamente nos taludes laterais, encaixando o estádio no vale de forma respeitosa em relação à escala do entorno – mérito do projeto original, assinado pelo escritório Severo Villares. Seu edifício frontal, com o pórtico monumental e a galeria voltados para a praça Charles Miller, tornou-se um ícone paulistano.
Este livro resgata a história do estádio, que acaba de completar 70 anos, e apresenta em detalhes o projeto de arquitetura do Museu do Futebol – inaugurado em setembro de 2008 no edifício frontal e, hoje, quarto museu mais visitado da cidade de São Paulo (em 2009, recebeu 403 516 visitantes). Da escolha do local para abrigar o acervo às ricas discussões com os órgãos de patrimônio sobre a melhor forma de lidar com o edifício tombado, das operações para transformar as alas escuras e estreitas num percurso compatível a um museu de grande porte à recuperação de elementos da arquitetura original do estádio, o texto explica as principais decisões de projeto numa linguagem simples e acessível ao público leigo. Assim, vai ao encontro de uma necessidade já registrada pelo próprio Museu: a de oferecer um guia de arquitetura aos visitantes com essa curiosidade específica. Além disso, ao iluminar a importância do projeto de arquitetura no processo de instauração de um museu que veio a tornar-se um grande sucesso, o livro abre a discussão sobre a relevância desse aspecto, muitas vezes esquecido, e chama a atenção para a operação que requalificou e revitalizou um edifício que, apesar de todas as suas qualidades, encontrava-se subaproveitado.