Os oito contos de "O Museu do peixe morto" apareceram originalmente em importantes publicações americanas como The New Yorker e fizeram parte de coletâneas como The Best american short stories (2004 e 2005). No conto O esquema geral das coisas, um casal de picaretas sai pelo interior, em meio a fazendas de milho e caipiras, tentando conseguir dinheiro a custa de pequenos golpes. Um casal de velhos os acolhe, e essa é uma boa medida do trabalho de D'Ambrosio, que se equilibra com maestria no falso paradoxo entre vidas à margem e lirismo. As personagens são acolhidas. Os tipos esquisitões, tão comuns no imaginário da sociedade americana, ganham aqui um novo e desassombrado olhar. O menino que mora no orfanato de freiras e cujo pai ficou incapaz num acidente que matou a mãe; o roteirista bem-sucedido que é internado com diagnóstico de suicida em uma clínica psiquiátrica; o homem que conserta máquinas de escrever, ofício que herdou do pai e que não poderá passar ao filho, esquizofrênico; o rapaz que sai em direção ao mar com a urna de cinzas do avô, dando carona a estranhos. Charles D'Ambrosio escreve sobre os Estados Unidos dos pequenos dramas, e é do país oculto na grande e heroica nação que ele extrai a matéria prima para sua literatura, que tem conquistado crítica e público.