Essa obra de Beatriz Caiuby Labate e Gustavo Pacheco, dá destaque ao tema da música nas religiões ayahuasqueiras do Santo Daime (nas suas vertentes Cefluris e Alto Santo) e da União do Vegetal (UDV). Ainda que a maioria dos estudos sobre as religiões ayahuasqueiras reconheça a centralidade da música nestes rituais, a música, em geral, tem figurado ao lado de muitos outros aspectos tratados, sem ganhar um status de análise próprio, como ocorre aqui. Rica manifestação cultural, a música de ayahuasca revela uma multiplicidade de conexões com a religiosidade brasileira e expressões musicais do nordeste e da Amazônia, e tem sido um dos principais elementos destacados no recente processo de pedido de reconhecimento da ayahuasca como patrimônio cultural imaterial da nação brasileira. O livro – em charmoso formato de bolso – explora o papel preponderante que a música ocupa no cotidiano dessas religiões, na produção dos significados religiosos e na construção do corpo e da subjetividade dos adeptos. A partir de uma descrição do fazer musical de cada grupo e de uma comparação entre ambos, os autores procuram entender o ethos destes grupos, assim como mais gerais destes movimentos religiosos. A obra representa uma importante contribuição em uma área de estudos ainda muito pouco explorada no Brasil: o estudo da música nos contextos rituais e religiosos.