O livro Música e poder: o habitus cortesão bragantino nos trópicos apresenta os processos de utilização da música como estratégia de reprodução do poder monárquico no Rio de Janeiro oitocentista e suas repercussões no campo de produção musical. A partir de um trajeto rico e original, a obra aborda sobre as origens dos rituais e dos valores relacionados à sociedade de corte, os processos de formação social e a construção de padrões culturais ligados à cultura nobiliárquica que incidiu nos investimentos no campo musical português como legitimação e reprodução de poder. Focaliza, ainda, o encontro da cultura cortesã europeia com a nobreza tropical do Brasil colonial, tendo em vista a chegada da corte portuguesa no Novo Mundo, e a política de investimentos no campo musical e os usos e funções da música decorrentes da força do habitus dos herdeiros da Casa de Bragança. A construção do Império brasileiro, apoiado nas novas redes de sociabilidade no campo de produção musical, o processo de institucionalização do ensino musical e as formas de distinção e consagração dos agentes foram igualmente tratados. Desse modo, com base no percurso histórico, o passado ilumina poderosamente o presente, permitindo a compreensão de como a música foi utilizada com objetivos de dominação não só no processo colonizador, mas também no projeto imperial de construção da identidade cultural brasileira.