Convidando o leitor para uma longa caminhada pela São Paulo de Álvares de Azevedo, Luciana Fátima nos chama a acompanhá-la... Flanando pela capital paulista, ela percorre lugares simbólicos da cidade atual, os cafés, as ruas, avenidas, as livrarias e os sebos. Fazendo desses parênteses da pandemia que ainda não se fecharam em definitivo um momento de reflexão sobre o movimento Romântico e de aproximação do brilhante poeta, a autora nos proporciona um momento de leitura de trechos importantes de sua obra, fazendo-se perguntas sobre o jovem Álvares de Azevedo, perscrutando sua personalidade, seu comportamento e seu intento. Luciana captou com mão precisa o momento condizente ao estado de alma dos Românticos: o recolhimento forçado de uma doença de alta transmissibilidade e que nos lançou num mundo novo, porque desconhecido, propício à introspecção, ao ensimesmar-se e ao ponderar a vida. Representante máximo do byronismo em nosso país, da melancolia, do tédio e do desalento diante da modernidade que então feria seus sentimentos finos, Álvares de Azevedo também teria sabido apanhar a oportunidade que passasse por sua janela, trazendo para o papel e traduzindo com a tinta a atmosfera da sua São Paulo, enferma e lastimosa, desse conturbado e solitário século XXI. Que a leitura ligeira e prazerosa com que Luciana nos brinda traga a pausa da reflexão que é própria da literatura e convide à mesa, para a tão perfumada xícara de café, o reconfortante chá ou a taça inspiradora, os leitores de Manuel Antônio Álvares de Azevedo. Que o livro de Luciana ilumine com sua lâmpada sombria os caminhos que percorremos desde a morte do poeta, fazendo brilhar as letras de seus ensinamentos.
(Do prefácio de Ana Beatriz Demarchi Barel)