Durante a Primeira Guerra Mundial, com a Europa dilacerada
pelos conflitos nacionalistas, o antropólogo e sociólogo Marcel Mauss planeja realizar uma “grande
obra” sobre a constituição histórica das nações, o internacionalismo e o socialismo – corrente política à qual estava ligado.
Assim, entre 1919 e 1920, começa a escrever os primeiros capítulos de A nação, cuja redação será interrompida
várias vezes e restará inacabada. As mais de quatrocentas páginas deixadas por Mauss só vieram integralmente à luz na França em 2013, neste livro agora
publicado no Brasil pela primeira vez.
A nação é o principal trabalho de natureza política
de um dos maiores nomes da antropologia de todos os tempos. Nele, Mauss examina como se formam as modernas nações capitalistas, demonstra como elas tendem ao desenvolvimento de relações internacionais e defende que o socialismo – não o comunismo – é o desfecho do processo histórico que levou os povos à direção consciente da vida social e econômica. Apesar de terem sido escritas há quase cem anos, suas reflexões
guardam impressionante atualidade, em particular por sua posição internacionalista e pacifista, que busca retirar da ideia de nação os equívocos do nacionalismo.