'Nada te turbe' retrata com lucidez e grande senso de humor temas que fazem parte do delicado relacionamento entre homens e mulheres, sem apostar na sisudez. Catalina Béjar del Prado, a protagonista da história que Susana Pérez-Alonso nos conta, carrega dentro de si um universo de insatisfações que a mantém permanentemente perturbada. Universo este construído sobre os alicerces aparentemente sólidos de uma sociedade da qual ela mesma faz parte e ajudou a construir. Marido, amante, filha, mãe, amigas, a política e o mundo globalizado servem ao mesmo tempo como veneno e cura para as mudanças que ela - depois de ouvir da boca de sua própria filha que deveria recuperar o tempo perdido - decide promover em sua vida. Parece fácil, mas sabemos que não é. Numa sociedade repleta de normas de comportamento, qualquer deslize pode ser fatal e excludente. E é exatamente a exposição desse jogo delicado, cujas regras Catalina conhece muito bem e se recusa a praticar, que faz de 'Nada te turbe' um romance prazeroso e arrebatador. 'Nada te turbe' conta a história de muitas mulheres que conhecemos. E, se ainda não as conhecemos pessoalmente, já tivemos o prazer de vê-las em muitos dos filmes do também espanhol Almodóvar, ou, antes disso, em alguns de Fellini. Em 'Nada te turbe', Susana Pérez-Alonso nos conta com muita graça e irreverência a história de todas as mulheres que querem resgatar a auto-estima, mas que, para tanto, não pretendem ignorar seus ideais de felicidade, quais sejam; a paixão e o amor.