De acordo com o autor, crianças correm; diversão é coisa urgente. Adultos andam; talvez para meditar sobre os problemas ou simplesmente porque não são mais crianças. E esta é a visão delas, as crianças. Contudo, quando se tornam adultas, as crianças de outrora percebem que, na verdade, quem corre mesmo são os adultos - o trabalho urge, urge também a família, as responsabilidades urgem, as preocupações urgem, a vida é corrida, tudo é urgente. Diversão, descanso, ócio são igualmente urgentes, porém, 'desejos urgentes' de adultos. Aleatoriedades - como 'cruzar os dedos ao mentir, coisas totalmente vermelhas, formigas, cisnes, grampeadores, neve, cortadores de grama, pinhas, bolhas de sabão' - entusiasmam crianças. O que, no entanto, pode entusiasmar um adulto de 20 e poucos anos, sem planos, sem ânimo, sem aspirações, sem namorada, incomodado com o inexorável tempo que a tudo envelhece? É este o dilema do personagem principal de 'Naïf Super'. Conjugando ironia e sensibilidade, Loe empresta um olhar inocente como o das crianças a seu protagonista, um sujeito confuso e desiludido, sem nome definido, em busca de um 'significado' para sua vida após entrar numa crise existencial no dia de seu aniversário de 25 anos, desencadeada pela simples derrota em uma partida de croquet para o irmão. Sem perspectivas nem respostas para sua angústia, ele resolve largar tudo - abandona o mestrado, cancela o aluguel do quarto e sala em que morava, o telefone e a assinatura do jornal, vende seus livros e TV, guarda seus poucos pertences em duas caixas de papelão no sótão dos pais e vai morar no apartamento do irmão, que ficará fora por dois meses - e recomeçar do zero. Mas como sair da sensação de 'zero a zero' interior? É o que o narrador-personagem tenta descobrir em meio a muitas divagações e conjecturas correlatas das mais variadas.