Um dos eruditos mais respeitados das últimas décadas comenta a atitude filosófica da figura máxima da cultura alemã. Pierre Hadot, estudioso a quem cabe o mérito de haver redescoberto o aspecto vivencial da filosofia clássica (conforme exposto em A Filosofia como Maneira de Viver e Exercícios Espirituais e Filosofia Antiga), é autor também de comentários a pensadores modernos nos quais tal caráter é ainda perceptível. Os principais escritos desse gênero são Wittgenstein e os Limites da Linguagem e Não se Esqueça de Viver - Goethe e a tradição dos exercícios espirituais. Neste livro, o último que Hadot publicou em vida, o filósofo aborda – com o estilo profundo, elegante e agradável que sempre o acompanhou – três “exercícios espirituais” (ou seja, práticas de autodisciplina) que o literato alemão cultivou e que ilustram o seu lema, contrário ao Memento mori, “Não se esqueça do morrer”: Memento vivere, “Não se esqueça de viver”. As três práticas se reduzem a concentrar-se com intensidade no presente, considerar as circunstâncias em conjunto e cultivar a esperança. Além da investigação cuidadosa de como tais exercícios são sugeridos pela vida e pelos textos de Goethe, o autor observa como a visão que os motiva foi posteriormente endossada por Nietzsche. Uma obra que faz valer o elogio que lhe viria a endereçar Luc Ferry: “Admirável”.