Napoleão, de Stendhal, é a obra de estreia da Boitempo Editorial. O livro é um trabalho que revela um Stendhal 'historiador político' e enriquece a bibliografia existente sobre essa figura que ainda hoje desperta interesse em todo o mundo.Para Stendhal, Napoleão é, sobretudo, uma paixão retrospectiva. Será apreciado à medida que deslizar para fora do horizonte: desterrado em Santa Helena, constitui-se em torno dele uma mitologia que realça seus traços revolucionários, apocalípticos mesmo, em detrimento de seus compromissos, de seu conservadorismo ou de seu espírito autoritário. O imperador Napoleão é o condottiere dos tempos modernos, cujo vigor tem mais os traços da Revolução que os do Império.Napoleão (no original, Mémoires sur Napoléon) foi a segunda tentativa do autor de falar da vida do estadista. Começou a ser escrito em 1836, mas foi abandonado em 1837. O valor do texto de Stendhal, no entanto, não reside no fato de ser uma biografia a mais de Napoleão: por esse ângulo, pecaria por estar incompleto.O talento singular de Stendhal para analisar a personalidade humana (sendo considerado por muitos, nesse aspecto, um homem à frente de seu tempo), seu estilo literário harmonioso e conciso, e, principalmente, o fato de ter sido contemporâneo ao personagem biografado aproximam o leitor dos dilemas vividos há duzentos anos e fazem esta edição ser obrigatória não só para os admiradores de Stendhal, mas também para os admiradores da figura histórica que ele resgata.