Nas entrelinhas do talvez explora a singular relação de Derrida com a literatura, "esta estranha instituição onde se pode dizer tudo sobre qualquer coisa"; o primeiro ensaio explora a índole da sua 'estranheza': narrativa que se auto-narra o tempo todo, para além de um 'tipo de verdade' dos acontecimentos, para além de qualquer tipo de busca da verdade, fazendo com que a questão sobre a verdade da literatura tenha, ela mesma, que se justificar. O ensaio sobre Diante da Lei acompanha e comenta a original leitura que Derrida faz da parábola de Kafka: narrativa sem objeto ou saber, ela retrata o próprio fazer literário, é uma apresentação literária do literário. Vivo do meu próprio crédito discute, com base na sua leitura de Ecce Homo, de Nietzsche, a perspectiva radicalmente nova a partir da qual Derrida observa a escrita autobiográfica; aqui são descartadas as manhas críticas das formas contemporâneas de abordá-la, como, por exemplo, a auto-ficção, gênero ainda preso ao sujeito centrado e autônomo. Finalmente, o ensaio Sobre a política do talvez aborda a afinidade entre a literatura e o pensamento de Derrida: ambos são movidos por uma força de uma radical contradição, de uma indecidibilidade. Como ele mesmo diz, a estrutura paradoxal desta coisa chamada literatura é que o seu início é também o seu fim. A história desta estranha instituição é construída como a ruína de um monumento que nunca existiu, é a história de uma ruína, a narrativa de uma memória que produz o acontecimento a ser contado mas que nunca aconteceu.