Em 1883, Fraz Boas, nascido na Alemanha em 1858, chegou às terras geladas de Baffin, no Canadá. O seu encontro com os Inuit (conhecidos entre nós pelo termo depreciativo Esquimó) selou então a drástica mudança que ocorreu na vida do jovem doutor em física. Mudança esta que já vinha ocorrendo desde que conheceu a a obra antropológica de Bastian e Ratzel, entre outros. Trocou, então, o velho continente por Nova York, onde se tornaria o fundador da antropologia cultural norte americana. Ao escrever, em 1896, o seu artigo As limitações do método comparativo em antropologia, fez arrasadora crítica do método evolucionista virchowiano e lançou as bases para uma metodologia antropológica que privilegia o trabalho de campo, em uma época em que predominavam os trabalhos de gabinete. Mais do que isso, criou a histórica cultural americana, cujos pressupostos teóricos possibilitaram o desenvolvimento da antropologia cultural. Como professor da Univesidade de Colúmbia foi sobretudo excelente formador de novos recursos humanos para a disciplina. De seus alunos, destacamos entre muitos, Alfred Kroeber, Robert Lowie, Leslie Spier, Ruth Benedict e Margaret Mead. A sua longa e brilhante carreira não ficou restrita ao mundo acadêmico. Em 1919 envolveu-se em acirrada polêmica, ao publicar uma carta no jornal The Nation, acusando o governo americano de estar utilizando quatro antropólogos como espiões na América Central.