NATUREZA DO HOMEM NO RASO DA CATARINA

No Raso da Catarina, entre as touceiras espinhentas de facheiros e xiquexiques, a temperatura durante o dia nunca é inferior a 40º C. Até o lagarto teiú, bicho afeito ao calor da região, se esconde nas sombras da umburana seca ou se enterra na areia quente até encontrar um pouco de umidade, só saindo à noite, quando a temperatura, como em todo deserto, cai para cerca de 15º C. A imensa capacidade do homem de sobreviver e ser feliz é colocada à prova naquelas paragens. Tudo ali leva a crer na impossibilidade do ser, mas o rebuliço gostoso das crianças nas brincadeiras mais inocentes, a conversa sem pressa embaixo de um 'pé de pau', o nome pelo qual chamam as árvores, a festa em torno da matança de um bode para alimentar a família ou até mesmo o preparo de um 'peba no burralho' fazem perceber o minimalismo da vida sertaneja. O nada é tudo! E esta é a essência da vida no Raso da Catarina.