Nina é uma menina, que do alto de seus 8 anos de idade, se sente infeliz depois de brigar com sua melhor amiga na escola.
Este é o ponto de partida para a garotinha fazer uma série de questionamentos sobre a felicidade – a si mesma e a todos a seu redor, inclusive seu cãozinho de estimação. O que é ser feliz? Por que é tão fácil ser infeliz? Felicidade é uma questão de sorte ou de escolha? Ela depende de mim ou dos outros? O que ela tem a ver com o amor? É possível ser feliz o tempo todo, para sempre?
Insaciavelmente curiosa, Nina desfia pergunta sobre pergunta para tentar entender os próprios sentimentos diante de um mundo nem sempre fácil de decifrar. E nos leva junto com ela pelas deliciosas especulações filosóficas contidas em Nina e a felicidade, livro infanto-juvenil lançado com sucesso na França no início de 2008 e que chega agora ao Brasil em tradução da Editora Globo.
Escrita pelo francês Oscar Brenifier – doutor em filosofia com ampla experiência na formação de professores da disciplina –, a obra tem qualidades preciosas.
Sensível ao universo da criança, o autor esculpiu um texto que é simples sem ser raso, que é profundo sem ser difícil, que proporciona prazer sem abrir mão do rigor intelectual. Que respeita o pequeno leitor, porque o trata como um igual.
Por meio de uma trama movida muito a mais por reflexões do que por ações, com personagens dialogando o tempo todo, Brenifier nos conduz pela mais excitante das aventuras: o exercício do pensamento, vez por outra impulsionado por referências a mitos gregos (como o de Sísifo, condenado eternamente a empurrar uma rocha ao topo de uma colina), ao conto de fadas da Cinderela ou aos ensinamentos de Sidarta Gautama, o Buda.
Tudo emoldurado pelas ilustrações minimalistas de Iris de Moüy, artista francesa cujo trabalho tem forte influência dos mangás japoneses.