A literatura contemporânea tende amiúde à simplicidade tanto na poesia quanto na prosa. Porém, Carl Jóhan Jensen não segue essa tendência: sua poesia é quase barroca com sua linguagem torneada e seus floreios verbais. Quando se trata de criar novas palavras e novos significados a partir dos antigos, Carl Jóhan Jensen é influenciado pelo seu antecessor, o poeta Regin Dahl (1918-2007). Regin era, da mesma forma que Carl Jóhan, um profundo conhecedor do idioma feroês, criado que fora num ambiente que lhe proporcionou uma enorme riqueza linguística. E da mesma forma que Carl Jóhan, Regin Dahl aproveitava aquele legado de forma inovadora, criando novas metáforas e novos vocábulos a partir da poesia tradicional feroêsa e de outras fontes arcaicas. Carl Johan Jensen desconstrói não apenas a linguagem mas também o tempo. No poema THE REVEREND DÜNN’S CONCEPT OF TIME, ele faz Einstein dizer a alguém, que é o eu póetico ou outra pessoa no oceano do tempo, que o tempo não existe. O toque do quarto de não tem sentido algum, pois o tempo se desfez. Um símbolo recorrente em vários poemas é a matraca, que bate e mede o tempo de forma diferente que o relógio e o calendário aos quais estamos perpetuamente sujeitos. A poesia de Carl Johan Jensen lança um desafio ao leitor. A poética dele é tão meticulosa que, para a maioria dos leitores, se mostra enigmática à primeira vista. Porém, se o leitor se entregar à leitura repetida dos poemas, eles se tornam prenhes de significados e atmosferas infinitas.