À medida que o capitalismo encurrala cada centímetro do planeta – buscando transformar tudo e todos em mercadorias, seres sencientes em coisas, ao mesmo tempo em que busca colonizar até nossos pensamentos e controlar nossos desejos e comportamentos – surgem novas práticas que vão subvertendo essa lógica e abrindo espaços de imprevisibilidade. Neste livro, conheceremos pessoas que estão lutando com a dualidade entre ganhar a vida e expressar sua humanidade integral. O que vemos no movimento nowtópico não é uma luta pela emancipação dos trabalhadores dentro da tradicional divisão capitalista do trabalho; em vez disso, vemos a busca por transcender sua condição de meros trabalhadores. Surgem iniciativas que se empenham em escapar do labutar infindável que caracteriza o consumismo e o excesso de trabalho; pessoas que estão envolvidas na apropriação criativa de tecnologias para fazer algo por sua própria escolha. Para elas, o tempo é mais importante que o dinheiro. O acesso a bens tem sido o principal incentivo à aceitação da ditadura da economia, mas, aqui e ali, a sedução da riqueza material oca – e com ela, da disciplina imposta pela vida econômica – está se desfazendo. Exemplos como os que encontramos em Nowtopia começam em nível local, mas podem se espalhar com velocidade surpreendente. Nosso momento na história, fruto desse embate contraditório, é tão assustador quanto revigorante.