Diz o velho ditado, de um autor desconhecido, que "o amor é a essência da vida". Disso não há a menor dúvida. Quando um poeta, na sua solidão profunda e muito compenetrado, contemplando os raios argênteos numa noite de luar, se põe a escrever poemas de amor, é porque verdadeiramente o sente profundamente. Vários poetas e escritores, como Gabriel Garcia Marques, Fernando Pessoa e o poeta maior, Camões, utilizaram suas penas falando de amor. Camões define-o como: "É fogo que arde sem se ver...". Nada mais acrescento. Interrogo-me se há só um tipo de amor. Vaticino que não. Há vários graus de amor. Ninguém confunde o amor de Deus, o amor dos pais para com os filhos, do marido para com a esposa. Mas, infelizmente, há que reconhecer o reverso do amor, o ódio, a vingança e a indiferença. Quantas e quantas vezes testemunhamos, infelizmente, casos cada vez mais frequentes, de filhos que se esquecem do amor que sempre receberam dos pais, mas quando estes atingem a velhice, simplesmente os rejeitam, relegando-os ao abandono e tratados com extrema indiferença. A indiferença arde e dói mais que o próprio fogo. Ainda considerava correr mundo, fazer uma grande viagem. Com duzentos euros de reforma não era fácil, mas nós somos sonho. Em miúdo fiz tenção de fazer uma viagem pelo país de mochila às costas, mas fui adiando, adiando, depois vieram os filhos, e agora estava velho, tinha de me deitar cedo, estava velho, segundo os meus filhos. Eles não sabiam que quando não estavam me deitava à hora que queria, não tinha horário. Mas estou mesmo velho? - Perguntava a mim próprio. Tinha algumas dores no corpo o que era natural com a minha idade, fora isso sentia-me perfeitamente bem. E se for esta a altura dessa viagem? Porque não agora? Sempre os filhos em primeiro lugar, agora quem