Duas senhoras maduras, sessentonas. Não se conheciam, mas, por obra do acaso, vivem um
encontro de afinidades. Lila (fazendeira de café na Bahia) e Margarida (professora de história e
filosofia do Estado de São Paulo), ambas viúvas, vindo de regiões sem qualquer conexão e
vínculo, vão se encontrar coincidentemente numa viagem de turismo, em Cabrália, na Pousada
das Gaivotas. Aquilo que era uma simples viagem de entretenimento vai surpreendê-las como
um encontro de confidências e intimidades sobre suas vidas. Vão falar de filhos, dores, amores
e compreender suas curas pessoais. Vão reescrever suas vidas como uma espécie de novelo de
confidências e de perdões espirituais. Se não bastasse isso, encontram Zeca, um jovem de
treze anos, contador de histórias. O menino é um conhecedor improvável de História do Brasil.
Capaz de narrar, entre tantos relatos, a saga dos descobridores que chegaram no nosso litoral.
Além disso, é leitor de livros consagrados, tem um saber que ultrapassa a cultura comum. Um
menino prodígio, estudioso precoce da literatura nacional. E as senhoras ainda vão conhecer Benta, neta de escravizados, uma mulher corajosa que também tem narrativas para contar
sobre o Cariri, a fuga do sertão e o tempo da escravidão dos familiares. Uma brava negra que
está conseguindo cumprir um sonho de toda a sua vida: escrever cartas. Seguramente esse encontro, na paradisíaca terra de Santa Cruz de Cabrália, vai mudar a vida desses personagens.
Nunca mais serão as mesmas depois de se encontrarem num verão. Relatos de duas mulheres
que precisavam se encontrar para ouvirem o som de seus corações, e Cabrália era o lugar
exato onde Deus também podia ouvi-las.