Publicado em 1946, O Ano zero da Alemanha é o primeiro livro de Edgar Morin. Traz a marca da juventude do autor que, aos 25 anos, nos fornece uma narrativa arrebatadora sobre a Alemanha após o fim da Segunda Guerra Mundial. Com a morte de Hitler em 1º de maio de 1945 e a assinatura do armistício na madrugada de 8 para 9 de maio do mesmo ano, instalou-se entre os aliados uma guerra interna e dissimulada pelo poder de ingerência no território alemão. A Alemanha enfrenta seu ano zero. Encontra-se em ponto morto: sem Estado, exército, bandeira, sobraram as dores da violência e do extermínio, as esperanças da reconstrução social, política e psíquica de um país que acabará cindido em duas partes, algo que só teve fim com a queda do muro de Berlim em 1989. Fascismos, nazismos, ditaduras militares são fenômenos ideológicos coletivos que renegam a liberdade do homem, impedem o diálogo democrático, conspiram contra a universalidade do humanismo. O caminho da paz será longo, exige prudência e atenção redobradas, adverte Bernard Groethuysen, responsável pela apresentação da edição original. Essas recomendações servem de base para que o leitor enfrente as quatro partes do livro que desvendam condições históricas concretas, crenças contraditórias, dogmas irracionais que cercaram a banalidade do mal, posta em ação pelo Fürher, e o dispositivo político que lhe dava sustentação. Vários atentados e conspirações, resistências veladas ou explícitas, não conseguiram pôr fim à liderança do tirano. Foi ele mesmo o responsável por seu extermínio. Mais do que um valor documental, historiográfico ou saudosista, O Ano zero da Alemanha é um sinal de alerta para os tempos atuais que requerem esperança, resistência e responsabilidade coletiva que ponham fim às desigualdades crescentes por que passam as sociedades contemporâneas globalizadas. Tradução: Edgard de Assis Carvalho e Mariza Perassi BoscoConfira a fanpage da Editora Sulina