O Antigo Regime e a Revolução, publicado em 1856, é um livro fundamental para compreender a Revolução Francesa e as suas origens no Antigo Regime. Alexis de Tocqueville, que se considerava um homem de pensamento mais do que de acção, começou, em 1850, a idear um livro que combinasse a história e a filosofia da história. Como tema escolheu a Revolução Francesa, um acontecimento tão inevitável quanto imprevisto, e a sua relação com o Antigo Regime: «O livro que publico neste momento não é uma história da Revolução, história que foi escrita com muito brilho para que eu pense em reescrevê-la; é um estudo sobre essa Revolução.» Tocqueville defende que a revolução surgiu «naturalmente» daquilo que a precedera, e que «o objectivo fundamental e final da Revolução não era, como se acreditou, destruir o poder religioso e debilitar o poder político». O autor mostra como as diferenças entre as classes sociais, ao invés de terem sido aniquiladas pela Revolução de 1789, «desabavam em ruínas» ao longo de séculos por toda a Europa, e como «a destruição da liberdade política e a separação de classes causaram quase todas as doenças de que o Antigo Regime morreu». Depois da morte de Tocqueville, em 1859, o livro teve sucessivas edições em França e em Inglaterra. Publica-se pela primeira vez em Portugal esta obra-chave do pensamento político ocidental.