“Mais do que oportuna esta edição, que já nasce referência para todos quantos se interessam pelo futuro de nossa gente. Explorando os resultados de pesquisa abrangente sobre a sexualidade e a reprodução de mulheres e homens em plena experiência da juventude, O Aprendizado da Sexualidade: reprodução e trajetórias sociais de jovens brasileiros descortina amplo repertório de possibilidades e constrangimentos da vida juvenil no Brasil. Ao contrário do que pensa o senso comum, tão afeito a fórmulas auto-evidentes, o “problema” da gravidez na adolescência é, ao mesmo tempo, mais simples e mais complexo. Mais simples, porque parte de sua magnitude resulta de pré-conceitos sobre como deve se dar a transição para a vida adulta, forjados por idealizações morais e de classe que pouco têm a ver com as experiências e dilemas da juventude. Com sensibilidade e desprendimento a GRAVAD acercou-se dessa realidade, encontrando cenário heterogêneo o bastante para ser capaz de identificar, em cada nicho social, os desafios mais cruciais a serem superados nessa etapa da vida. Mais complexo porque, ao escrutinar os meandros das escolhas juvenis, põe a nu algo mais fundo do que supõe a boa consciência: a sedução da escola – e sua promessa de um futuro melhor – não é capaz de reter parcela significativa daqueles que nela ingressam na expectativa de um dia serem alguém. O projeto científico e político da GRAVAD percorre um caminho exaustivo, ao mesmo tempo original e rigoroso. A reconstrução da questão da gravidez na adolescência no Brasil mobiliza as vozes sociais e políticas que a elegeram como prioridade na agenda atual. Destaca a importância da diferença – de gênero, classe social, cor/raça e preferência sexual – na conformação dos caminhos juvenis e do mundo adulto que se avizinha. Sexo e afeto, amor e auto-estima, dependência e autonomia, estes e outros temas desenham trajetórias de muitos e diferentes jovens, no incessante aprendizado de lidar com contingências e desdobramentos de suas escolhas.” Maria Coleta Oliveira Departamento de Demografia e Núcleo de Estudos de População (NEPO), UNICAMP Julho 2006 SOBRE OS AUTORES Maria Luiza Heilborn é historiadora, Mestre e Doutora em Antropologia Social pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional/UFRJ (PPGAS/MN/UFRJ). Professora Adjunta do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IMS/UERJ). É coordenadora do Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos e do Programa em Gênero, Sexualidade e Saúde, ambos no IMS-UERJ. Autora de Dois é par: gênero e identidade sexual em contexto igualitário. Estela Maria Motta Lima Leão de Aquino é Doutora em Saúde Coletiva pela Universidade Federal da Bahia-Ufba. É professora da Ufba, onde coordena o Musa-Programa de estudos em Gênero e Saúde. Michel Bozon é Doutor em Antropologia Social pela Escoal de Altos Estudos em Ciências Sociais (França). Daniela Riva Knauth é socíologa, Mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Doutora em Etnologia e Antropologia Social pela escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (França). É professora do Departamento de Medicina Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.