Educação baseada em evidências se tornou uma espécie de slogan que, crescentemente, vem dando forma e sentidos novos ao conjunto das políticas educacionais contemporâneas. Seu apelo inegável está assentado em dois grandes pilares: no discurso cientificista, importado acriticamente de outras áreas da pesquisa científica; e na força política e ideológica do amplo consórcio midiático, empresarial e político em escala global, que o financia e difunde. Ao sabor dessas políticas amparadas em evidências, pretende-se redefinir as práticas educativas e, também, o modo como se produz conhecimento nesse campo. Disputas e contradições existentes seriam, assim, depuradas de todas as interferências políticas, subjetivas e ideológicas. Não haveria mais lugar para o conhecimento historicamente acumulado na área de educação, nem para a experiência teórica e prática do conjunto dos/as seus/as trabalhadores/as. As análises contidas neste livro foram escritas na contramão dessa tendência, mas sem a pretensão de substituir as propaladas ‘certezas’ dessa educação por outras, de mesmo tipo. Nosso intuito foi o de desnudar as facetas e interesses ocultos por trás das “evidências”, contextualizando-as e discutindo seu vínculo imanente com a irradiação do gerencialismo neoliberal a praticamente todo o campo da educação e, também, com as formas de expressão da crise capitalista neste século XXI.