Eu faço o trabalho de Deus. Mesmo que seja suposto ser uma piada, esta frase do diretor-executivo do Goldman Sachs, Lloyd Blankfein, resume a sede de poder de O Banco: a firma que dirige o mundo no maior secretismo. Por detrás de uma lei do silêncio que nunca alguém ousou quebrar desde a sua fundação em 1868, o Goldman, ou GS, como se diz em Wall Street ou na City londrina – as duas grandes praças financeiras mundiais – pode realmente dominar o planeta? E se a resposta é sim… Como? A crise económica que começou no outono de 2008 atirou o Goldman Sachs, para as primeiras páginas dos jornais. O banco está em todo o lado: a falência do banco Lehman Brothers, a crise grega, a queda do euro, a resistência da finança a toda a regulação, o financiamento dos défices e até a maré negra do golfo do México. Sabia que o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, foi vice-presidente do Goldman Sachs International para a Europa entre 2002 e 2005. Ele era o sócio encarregado das empresas e países soberanos, o departamento que tinha, pouco antes da sua chegada, ajudado a Grécia a maquilhar as suas contas graças ao produto financeiro swap sobre a dívida soberana. Que António Borges, dirigente da GS entre 2000 e 2008, foi diretor do Fundo Monetário Internacional, em 2010, funções que o levaram a supervisionar alguns dos maiores empréstimos da história da instituição: à Grécia e à Irlanda. Sabia que o atual presidente do Conselho italiano, Mario Monti, foi consultor internacional do Goldman de 2005 até à sua nomeação para a chefia do governo italiano.