O “O Beijo Eterno – Uma história de amor e violência”, de Marco Cotrim, narra a história de Beny, menino apaixonado pelos circos, cuja juventude se passa durante o regime ditatorial no seu reino. Quase sem perceber, o leitor é transportado ao mundo fantástico do garoto encantado pelas histórias ouvidas nas rodas de conversa dos adultos da sua vila. Ao mesmo tempo que se aprofundam os desmandos de uma sucessão de reis, sua família, de origem simples, se vê impelida a mudar para a cidade grande. O garoto incorpora os novos hábitos da cidade, em meio a surtos de desorientação no tempo e no espaço. Recupera-se e frequenta uma tradicional escola de Direito. Além da trajetória de Beny, outros cinco personagens encantam os leitores e os conduzem pelas reviravoltas da realidade complexa, quase inacreditável daqueles tempos surpreendentes. A determinada altura, em meio ao caos político, o universitário vê os relógios andarem para trás e é levado ao passado. Quanto mais ouve sobre os horrores dos desgovernos tirânicos, mais se aprofunda em depressão e dúvida. Diante das dificuldades do mercado, Beny opta pela estabilidade burocrática de um emprego público e abandona a perspectiva de promissora carreira jurídica em escritórios privados. Mesmo assim seus ponteiros continuam desajustados, para a frente e para trás, até chegam a parar. Decide buscar sua paz em viagem de férias pelos locais das suas lembranças, retorna às suas origens e revisita os espaços da infância. Restabelece seu ânimo e retoma a amizade com um amigo da faculdade apaixonado pela dramaturgia; sente reviver a magia da infância em sua alma. Que carreira seguir? Conseguirá Beny se desvencilhar dos laços formais que o angustiam? Como convencer a família pequeno-burguesa da sua necessidade de perseguir os sonhos e deixar a promessa da carreira jurídica? Os pais não entenderão, a esposa também não; e as preocupações com os dois filhos falam alto. Seguirá seu coração de criança ou deixará morrer o sonho?