O bigode e A colônia de férias são duas histórias de um dos mais importantes autores franceses da atualidade. Na primeira novela, Emmanuel Carrère desenvolve uma ideia perturbadora, por vezes cômica, sobre um homem que decide raspar o bigode e, aos poucos, perde a identidade. Ao acompanhar a narrativa, porém, nunca sabemos se ele está louco ou se são os outros que perderam a razão. "O que você diria se eu raspasse o bigode?", pergunta o narrador a sua mulher, Agnès, misturando a comédia do absurdo com a especulação filosófica. "Poderia ser uma boa ideia", diz ela, despreocupada. Ao se barbear por completo, no entanto, algo imediatamente se altera em sua vida. Não só Agnès e os amigos deixam gradativamente de reconhecê-lo, como negam completamente que ele algum dia tenha tido um bigode. Para Carrère, seu livro conta a história de um homem que se perde de si mesmo e testa os limites da solidão. Serve também como metáfora para um desencontro que, ele acredita, todo casal enfrenta um dia, de uma forma ou de outra. "Mais do que uma história de um homem que se mete numa espiral de loucura, quis contar como um homem e uma mulher que se amam podem se afastar tanto um do outro a ponto de se reencontrar depois e se reconhecer de forma totalmente diferente daquela de quando tudo começou", diz o autor. Já em A colônia de férias, uma história de "terror literário", o leitor acompanha Nicolas, um menino inseguro e solitário, numa excursão da escola para uma temporada de esqui na neve. Com problemas familiares, ele se isola cada vez mais dos outros garotos e terá de enfrentar uma realidade que nem sua vívida imaginação poderia recriar. Reunidos em um único volume, os textos de Carrère apresentam alguns dos mais impactantes retratos psicológicos da ficção contemporânea.