Em meio a uma sociedade encharcada de preconceitos e em que todos buscam aparentar segurança, sucesso e felicidade, Paulo de Abreu Leme, médico, e Paulo Leme Filho, advogado, lançaram, em 2015, o livro A Doença do Alcoolismo, no qual expunham não apenas seu entendimento sobre a doença, mas a própria doença neles mesmos. Em abstinência, respectivamente, desde 1989 e 1996, o livro chamou a atenção pelo ineditismo da situação dos próprios autores — era raro que se falasse abertamente sobre o assunto, ainda mais em se tratando de pai e filho. Paulo de Abreu Leme desencarnou em 2022, aos 82 anos, mas deixou, ao menos para aquele filho, uma mensagem simples e direta: nunca se conformar — e jamais ter medo de lutar por aquilo em que se acredita. A frase não é originariamente dele, mas o pai sempre repetia que o medo, antes de tudo, é um grande blefador. Embora saiba que a expressão não é exatamente adequada, Paulo Leme Filho se converteu ao Espiristismo em março de 2020 — e acredita que não pode ter medo de tentar contribuir com o que lhe cabe: trazer para o debate público questões que dizem respeito às dificuldades que atingem, em especial, os mais jovens, com base em sua própria experiência e aprendizado. Este livro aborda a dependência química, mas, como verá quem se dispuser a lê-lo, a proposta vai bem além disso, abordando temas como depressão, bullying, automutilação e suicídio, principalmente entre crianças e adolescentes.