O caráter do movimento indígena brasileiro, do professor e escritor Daniel Munduruku, discorre sobre como esse movimento se organizou nos anos 1980 dentro do contexto histórico nacional - um período de intensa participação popular pelas mobilizações políticas em prol da democracia./nO livro enfoca o movimento indígena brasileiro sob a ótica do caráter educativo, de modo que o movimento é narrado desde sua origem como um instrumento legítimo na defesa dos direitos indígenas e que, estruturado em seu processo de autoformação, também serviu como mola para promover mudança no olhar da sociedade brasileira sobre os povos indígenas./nDaniel Munduruku optou por desenvolver o tema no estilo epistolar, como se estivesse escrevendo uma carta aos seus parentes indígenas. /nEmbora não seja uma obra de estudo antropológico do movimento indígena, há capítulos que apresentam referências da antropologia, da história e do direito./nO livro está estruturado em duas partes: "Colocando os pingos nos is" e "Somos aqueles por quem esperamos". Os capítulos podem ser lidos independentemente, porque tratam de conteúdos não lineares, mas "que estão estruturados para oferecer uma visão organizada de um tema complexo e que se apresenta com muitas faces e muitas possibilidades de aprofundamento". Outra peculiaridade que o livro traz é o fato de "ouvir" a opinião de personalidades indígenas, participantes do processo histórico do movimento./nPara Daniel: "O Movimento Indígena é fruto da ação concreta de resistência de pessoas que, sem se conhecerem, deixaram rastros de solidariedade. Foram pessoas que viveram em tempos diferentes, mas sua resistência permitiu que as novas gerações sobrevivessem para atuar incisivamente dentro da sociedade brasileira". /nNesse movimento de troca de experiências e saberes, algo que nasceu para se educar acabou educando.