“O homem, sob muitos aspectos, o mais notável que haja surgido na Inglaterra no século passado e talvez o mais notável que a Igreja anglicana haja produzido em qualquer século: John Henry Newman”, esse homem quase que é desconhecido no Brasil. Raros os que lhe ouviram o nome, raríssimos os que lhe perlustraram qualquer obra. Alguns cuidarão talvez que melhor fora deixa-lo jazer no túmulo em que há 55 anos o desceram. Entretanto, convictos de que Newman tem algo essencial que dizer à nossa época e à nossa gente, elaboramos esta introdução à vida e obras do grande inglês, na esperança de induzir os leitores a se aprofundarem no estudo de uma e de outra.Tão superior e complexa a personalidade de nosso herói, que lhe poderíamos haver posto em relevo os mais variados aspectos: haver retratado o orador, ou o filósofo, o teólogo, o prosador, o poeta, o apologista, o educador, o asceta, o polemista, o historiador, o epistológrafo... Todavia, em que se tratando de um primeiro contato, pareceu-nos mais oportuno levar o leitor ao que mais essencial e profundo encontramos em Newman. É por aí que ele vive ainda, não apenas para eruditos, mas para todos nós. Com a perspicácia dos gênios, Newman anteviu, um século de antemão, os males mais profundos que ora padecemos e o único remédio que deles nos poderiam libertar. Previu que o fascínio exercido pelas ciências exatas faria meditar e imperar aquela raça de homens que já Platão pintara a abraçar rochedos e carvalhos, proclamando que só existe o que cai sob os sentidos. Fatos e mais fatos, apenas fatos.