O céu entre mundos é um romance para exercitar a imaginação, formular uma realidade de comunicação por telepatia e naves voando para outros sistemas planetários, mas também para ter notícias de quem veio antes de nós, pessoas cujas existências já eram futuristas no passado, pois pavimentaram estradas para que nós caminhássemos. Pensar por essa perspectiva é escapar da lógica ocidental e encaminhar nossa intelectualidade– espiritualidade, intuição, ori – para África. É na África que está a salvação da protagonista Karima, porque é lá que vive o ancestral com quem ela mantém conexão e diálogo.Conhecemos o planeta Wangari, planeta semelhante à Terra,espaço alternativo para se viver após a ação nociva do ser humano tornar o antigo planeta azul um lugar inabitável. Seus moradoressão negros, caracterizados a partir da nossa diversidade, o que é uma imaginação subversiva dentro de uma sociedade que repete “preto é tudo igual”. Mulheres e homens exercem o poder que lhes cabe e o ato de falar da história escrita por nossos antepassados na Terra aparece tanto como exercício memorialístico, quanto como necessidade política. É importante notar que não se trata de criar a imagem da perfeição. Em Wangari, existem conflitos, existe poder, mágoa e medo, porém a busca por solução para esses problemas é empreendida e protagonizada por pessoas negras que mantêm sua conexão com o continente africano. Uma visão futurista que deve inspirar o momento presente.