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Sinopse
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Os ensaios aqui reunidos analisam, desde uma perspectiva crítica, as razões pelas quais a universidade brasileira jamais discutiu seriamente o programa de pesquisa sobre subdesenvolvimento e a dependência, o principal aporte do pensamento crítico latino-americano às ciências sociais. A apologia do capitalismo dependente no Brasil apareceu nos estudos sobre “capitalismo tardio” e gozou de certo prestígio, a despeito das evidentes debilidades, tanto na história quanto na teoria. Em oposição aos apologéticos, surgiu a versão progressista que jamais conseguiu superar o horizonte limitado de uma suposta “integração não subordinada à economia mundial”, como se tal fenômeno fosse realmente possível nos marcos de uma economia capitalista cindida entre países centrais e periféricos.
As duas perspectivas são aparentemente opostas, mas representam caminhos pelos quais os acadêmicos combateram, no meio universitário – com certa influência nos sindicatos e partidos de esquerda -, a teoria marxista da dependência. No conjunto, a situação revela a hegemonia liberal que finalmente se impôs na esquerda nascida do duro combate à ditadura. A despeito da linguagem em alguma medida radical da esquerda nos anos 80, a verdade é que tanto a social-democracia tucana quanto o radicalismo operário petista compartilhavam a mesma perspectiva teórica na interpretação do capitalismo e, em consequência, aceitavam os limites do liberalismo no país.
O bloqueio político e intelectual imposto à teoria marxista da dependência representa, por um lado, determinada correlação de forças existente na sociedade brasileira e, por outro, a força do colonialismo intelectual, mais precisamente o fenômeno que denominei “o figurino francês”, ou seja, aquele comportamento muito frequente nas universidades e em certos círculos acadêmicos sempre dedicados à busca da “novidade teórica”” europeia ou estadunidense como se de fato tivessem encontrado a pedra filosofal para a solução dos problemas inerentes ao capitalismo dependente latino-americano.
No entanto, apesar do colonialismo cultural e científico que organiza a vida universitária no Brasil, é possível perceber um novo horizonte para a disputa teórica e política. O perigoso consenso, segundo o qual o Brasil “já não seria mais subdesenvolvido, mas apenas injusto” – na versão apologética do petismo, o país estaria diante da ascensão de uma nova classe média -, revela-se incapaz de encontrar solução para os males inerentes ao capitalismo dependente, como a superexploração da força de trabalho e a permanente transferência de valor para os centros metropolitanos. Em consequência, precisamente quando petistas e tucanos coincidem nos limites do liberalismo conveniente à classe dominante, círculos cada vez mais expressivos de estudantes e importantes grupos políticos retomam a perspectiva da teoria marxista da dependência e novamente alimentam os estudos sobre o programa da revolução brasileira.
A revitalização de uma perspectiva crítica no interior das ciências sociais será tão lenta quanto inexorável. A ideologia segundo a qual as transformações do capitalismo contemporâneo eliminaram as diferenças entre os países centrais e os dependentes e, em consequência, cancelaram a necessidade da reflexão crítica sobre a especificidade latino-americana no interior da totalidade capitalista, não resistiu à prova do tempo. Não haverá reconstrução do radicalismo político no país sem a recuperação da tradição crítica aqui reivindicada, da mesma forma que não poderá existir uma nova práxis política sem o apoio desta potente perspectiva teórica.
Ficha Técnica
Especificações
ISBN | 9788552403289 |
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Subtítulo | CRÍTICA ÀS CIÊNCIAS SOCIAIS NO BRASIL |
Pré venda | Não |
Peso | 280g |
Autor para link | OURIQUES NILDO |
Livro disponível - pronta entrega | Sim |
Dimensões | 23 x 16 x 1.04 |
Idioma | Português |
Tipo item | Livro Nacional |
Número de páginas | 208 |
Número da edição | 5ª EDIÇÃO - 2023 |
Código Interno | 1068152 |
Código de barras | 9788552403289 |
Acabamento | BROCHURA |
Autor | OURIQUES, NILDO |
Editora | INSULAR |
Sob encomenda | Não |