O presente estudo reflete sobre a vinda dos jesuítas para o Brasil e a influência da espiritualidade inaciana na criação do Colégio de São Paulo de Piratininga – fundação da cidade de São Paulo –, tendo como base cartas trocadas entre os jesuítas e entre estes e as autoridades civis, a correspondência referente aos Colégios e o acervo relacionado aos Exercícios Espirituais de Inácio de Loyola, além de outras fontes impressas.
A obra une duas teses em uma: na primeira parte, a espiritualidade inaciana, a força e a direção que ela imprimiu à aldeola; na segunda, aborda e dirime pontos até então discutíveis da infância da metrópole. “A espiritualidade inaciana, presente e atuante em muitas outras localidades dos vários continentes, deu a qualificação, a razão, o molde da Paulicéia. Impressiona a certeza com que os padres Nunes, Nóbrega e o irmão Anchieta anteviram e louvaram o que seria São Paulo. Nóbrega, com a visão do estrategista; Anchieta, com a do apóstolo; Nunes, com a do realizador de um sonho.
Todos inspirados e movidos por Inácio. Esta não é, pois, uma tese morna, exibição de saber teológico-filosófico e histórico-didático, simples busca de um título e da técnica de transmitir o dito saber. Escavou onde outros arranharam...
Essa história é o embasamento da terceira cidade mundial em população, a primeira do subcontinente, a casa e o trabalho de mais de onze milhões de criaturas, vindas de talvez cinquenta países, falando dezenas de línguas, professando todas as crenças, observando todas as virtudes e cedendo a todos os vícios. Um universo, um espantoso complexo material nascido da espiritualidade inaciana para, como agora, aceitá-la ou ignorá-la” (Hernâni Donato, membro da Academia Paulista de Letras e presidente de honra do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo).