A escravidão negra no Brasil é um dos grandes temas da nossa historiografia, as pesquisas sobre a temática são inúmeras. Entretanto, mesmo com tantas pesquisas e publicações que analisam a situação do negro enquanto ser humano escravizado na sociedade brasileira, encontramos nessa temática uma fonte inesgotável de possibilidades. As fontes revelam a agência de homens e mulheres escravizados em busca de melhorias para si e os seus pares, almejando a tão sonhada liberdade, seres humanos que não eram meras mercadorias, simplesmente força de trabalho. Eram agentes da História da sua história, e a partir das mais diversas estratégias resistiam ao sistema escravista, tão agentes que o próprio equilíbrio do sistema dependia de constantes ajustes e negociações em meio aos inerentes conflitos, como analisado por João José Reis (1989). Dessa forma, o presente livro investiga comércio interno de escravos na comarca de Igarapé-Miri no período de 1868-1887. Numa perspectiva que considera os cativos negociados como agentes do processo histórico, o texto busca desvelar a dinâmica, o volume e as formas de operação desse comércio a partir dos registros de compra e venda de escravos. Durante a leitura, você terá a oportunidade de conhecer quem eram os trabalhadores escravizados na região de Igarapé-Miri, em que atividades econômicas eram utilizadas. Nesse intuito, foi elaborado um perfil para os cativos que circulavam na localidade, via comércio interno, destacando as idades e o sexo, entre outras características. Os negociantes de escravos tiveram seu perfil também levantado, identificando assim quem eram os indivíduos que operavam no comércio interno de escravos na comarca Igarapé-Miri na segunda metade do século XIX.