O cortiço (1890) é a principal contribuição de Aluísio Azevedo ao romance brasileiro. Nele aparece, pela primeira vez na história da literatura brasileira, uma população vasta e estranha que vivia à margem dos valores dominantes. A capacidade do romance em se identificar com a cultura da marginalidade é o que garante seu vigor e atualidade.Aluísio Azevedo (São Luís do Maranhão, 1857? Buenos Aires, 1913) foi o escritor mais importante da ficção naturalista no Brasil. Viveu no Rio de Janeiro nas décadas de 1880 e 1890, quando se juntou ao grupo dos jovens escritores republicanos e abolicionistas que agitavam as madrugadas, os bares e as redações de jornais da cidade, numa existência boêmia que apareceria de várias maneiras em sua ficção. Tendo encontrado no Naturalismo um método que lhe permitia atacar de frente os assuntos do dia, Aluísio escreveu uma série de romances engajados com o presente, tais como O mulato (1881), Casa de Pensão (1884), O homem (1888) e O cortiço (1890). A adesão ao Naturalismo não o impediu de escrever os mais rentáveis romances-folhetins, tais como Filomena Borges (1884) e Mattos, Malta ou Matta? (1884), mais ligados à intensa atividade de Aluísio na imprensa do Rio de Janeiro nos anos turbulentos da crise do sistema monárquico. Tendo ingressado na carreira diplomática em 1895, parou de escrever ficção e morreu em Buenos Aires, em 1913.Leonardo Mendes é doutor em Letras pela Universidade do Texas (EUA), professor adjunto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), autor do livro O retrato do imperador: negociação, sexualidade e romance naturalista no Brasil (EDIPUCRS, 2000).