A publicação de O descredenciamento filosófico da arte é um acontecimento importante para a reflexão estética no Brasil (e em outros países de língua portuguesa), pois, por um lado, Arthur Danto, falecido em outubro de 2013, é considerado um dos mais influentes estetas da atualidade. Por outro lado, a posição ocupada por este livro no conjunto da obra do filósofo é de grande importância, já que a redação da maioria dos seus ensaios é imediatamente posterior à publicação de A transfiguração do lugar-comum – considerado por Danto seu principal livro de estética – e retoma, desenvolvendo-os, pontos considerados por ele ainda não suficientemente trabalhados. A relevância deste livro foi reconhecida pelo próprio filósofo numa mensagem pessoal, na qual ele expressa também gratidão pela receptividade ao seu trabalho no Brasil: “O livro contém alguns dos meus ensaios mais centrais, incluindo, obviamente, ‘O fim da arte’. E sinto-me muito próximo dos leitores brasileiros, que têm sido grandes apoiadores desde o início!”. Os ensaios reunidos neste livro recolocam, com a inconfundível verve de Danto, temas importantes da estética, tais como as relações nem sempre respeitosas da filosofia para com a arte, a interpretação das obras artísticas e a situação – assim como as perspectivas de sobrevivência – da arte no mundo contemporâneo. Por tudo isso, trata-se de uma leitura imprescindível para filósofos, artistas e demais interessados na cultura e em seus desdobramentos.Rodrigo Duarte