É um encargo tão desafiador quanto gratificante escrever sobre um conterrâneo. Mais ainda sobre uma obra que já nasce predestinada ao sucesso. O Despertar do Tempo Para a Eternidade não é só um livro; é uma dissecação da sociedade ocidental nos dois últimos milênios, de fundamental importância sobretudo para cristãos e espiritualistas em geral. Carlos Antônio de Moura conseguiu conjugar em seu trabalho tanto extensão como profundidade, num equilíbrio raro de se ver. Com uma narrativa escorreita e profunda, o autor nos conduz ao mergulho nas águas ainda desconhecidas da história ocidental, em que alguns dogmas se estabeleceram, mesmo sem arrimo nos fatos, como foi a Idade Média.
Expondo uma pesquisa de fôlego, o autor brinda o leitor com sua excepcional concatenação de ideias e associação entre causas e efeitos. Temos, neste livro um mapa peculiar da história, unindo passado, presente e futuro, tal qual Pai, Filho e Espírito Santo, o Mistério tantas vezes mencionado na obra e que se lhe serve de substrato. No livro – que descreve o despertar do autor – tomamos consciência do esvaziamento de sentido em nossas vidas pelo afastamento de Deus, desde o Renascimento, passando pelo racionalismo hiperbólico que desaguou no cientificismo e no espírito revolucionário de todos os matizes.
Carlos Antônio de Moura, apesar da sofisticação da linguagem que permeia todo o texto, permite-se ainda brincar um pouco com o leitor e deixar sua marca mais informal nas notas de rodapé. Nesta obra, o rodapé não é só um detalhe; é o momento em que conversamos com o autor e onde ele se desnuda em reflexões e pensamentos. Leitura indispensável.
Bernardo Guimarães Ribeiro Autor de Nadando Contra a Corrente (2018) e Personalidade e Pertencimento (2020)