Eram raras as noites em que Dagmar Barata (vol II) não se sentasse com seu uísque e escrevesse. Sentia-se como se fosse mesmo uma ávida escritora. Dentre tudo que chegou a pôr nos seus grandes “cadernões de capas pretas”, guardados a sete chaves, (que mais tarde vão parar nas mãos do seu sobrinho) o que mais a excitava escrever, em primeiro lugar, eram suas viagens a Buenos Aires. Em segundo, o dia a dia e tudo aquilo que fazia para um único fim – o de acumular fortuna. Oito vezes foi àquela bela cidade. No “vapor” de Santos a Buenos Aires travava conhecimentos com quem quer que fosse que lhe pudesse trazer “lucros”. Era nessas viagens que negociava com os imigrantes europeus que iam tentar uma segunda vida na Argentina. Ia sempre de primeira classe para poder, sem permissão, descer à segunda e terceira classes para “negociar”. Esfolava os imigrantes de todo e qualquer valor que tinham trazido para garantirem um início de vida nova, num país novo. Dagmar Barata unia duas coisas dessas viagens: o lucro e o aproveitamento do que aquela grande cidade lhe oferecia. Afinal fazia isso por duas razões – uma, a de espairecer do seu fastidioso trabalho na Repartição de Águas e Esgotos da Cidade de São Paulo. Em segundo lugar, os negócios que fazia a bordo a fim de tornar-se, o que sempre sonhara na vida, a de ser uma mulher rica.