O duelo ocupa um lugar muito especial na herança literária de Anton Tchékhov. Dividida em 21 capítulos, um exemplo muito atípico na obra do autor (que insistia na ?brevidade, irmã do talento?), a novela foi publicada entre outubro e novembro de 1891 em forma de folhetim no jornal Nóvoe Vriémia (Novo Tempo). Seu poderoso editor-chefe, A. S. Suvórin, foi um dos maiores entusiastas do início da carreira de Tchékhov, apoiando a mudança de estilo do autor, que abandonou a produção de breves contos humorísticos para buscar o amadurecimento literário. A novela é um dos raros exemplos da assim chamada ?novela ideológica? na obra de Tchékhov, afamado como o escritor menos ?engajado? da época. Foi durante o processo de criação de O duelo que Tchékhov conheceu o cientista Vládimir Vágner, defensor convicto do darwinismo social. Os dois, o médico Tchékhov e o naturalista Vágner, passaram horas a fio discutindo os ?prós? e ?contras? da teoria. Todavia, foi o escritor que colocou um ponto final nesses debates ao conceber o desfecho, absolutamente inesperado, de O duelo. É este trabalho marcante que ganha nova edição no Brasil, com tradução inédita e direta do russo, de Klara Gourianóva, prefácio assinado por Elena Vássina, pesquisadora de literatura russa e professora da USP, e ilustrações do artista gráfico Hélio de Almeida.