O livro “O Duplo Negativo do Capital: Ensaio sobre a Crise do Capitalismo Global” que apresentamos é produto de uma elaboração mais cuidadosa sobre a natureza da crise do capital que procure servir de base para o entendimento das mudanças estruturais do mundo social do trabalho. Desde nosso primeiro livro “Trabalho e Mundialização do Capital: A Nova Degradação do Trabalho na Era da Globalização”, publicado pela Editora Praxis em 1999, vinculamos as transformações do “admirável novo mundo do trabalho” e a nova ofensiva do capital na produção com as mudanças estruturais do capitalismo mundial. Num primeiro momento, buscamos interpretar os fundamentos ontológicos da reestruturação produtiva capitalista pelo movimento do “sujeito” capital. A seguir, identificávamos a nova etapa do capitalismo mundial como sendo a era da globalização ou mundialização do capital, utilizando como principais referências as reflexões de François Chesnais (“A mundialização do capital”) e David Harvey (“A condição pós-moderna”) e depois, Robert Brenner e István Mészáros. Não havia uma reflexão crítica mais densa sobre a crise do capitalismo global, nem muito menos sobre a crise estrutural do capital. Na verdade, não se discutia a teoria da crise capitalista, buscando apreender as mutações estruturais do mundo do trabalho a partir da reflexão critica sobre a natureza da crise do capital. Falávamos da mundialização do capital cujo marco histórico foi a recessão de 1974-1975.